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Foto do escritorDavid Costa

QUANDO FOR GRANDE QUERO SER UM SUPER-HERÓI

Quando somos crianças, afirmamos que "quando for grande vou ser...(bombeiro, polícia, professor, médico, etc.)" e, quando a imaginação é fértil, sonhamos em ser um qualquer super-herói. São os chamados "sonhos de pequeninos", vãs esperanças em ser algo que, muitas vezes, não seremos. A vida tem destas coisas!

No ginásio, parece existir um novo regresso a esta fase natural da infância, na medida em que cada cliente que entra pelo torniquete traz consigo um desejo secreto (ou não) de se tornar uma melhor versão de si próprio. Até aqui tudo bem! Tal ambição será preciosa para garantir a motivação e frequência iniciais que servirão de ignição para esta nova etapa da sua vida.

O problema, tal como tudo na vida, é o exagero! Quando o desejo passa a utopia, quando a "melhor versão de si próprio" se torna na "busca pelo corpo de sonho/perfeito", que muitas vezes coincide com o "queria ficar como este/a ou aquele/a". Os anos passaram, o fitness evoluiu, mas a situação não se alterou. Os clientes continuam na busca pelo impossível e os profissionais mantêm o discurso que "com a sua ajuda, tudo é possível (especialmente se pagarem PT)". Obviamente que, para tudo, existem as exceções. Obviamente não me estou a referir a quem prefere melhorar as SUAS capacidades (e não as que gostaria de possuir), nem tampouco aos profissionais que percebem até onde a sua ação/influência poderá ir. Estou a referir-me aos sonhadores e aos enganadores.

Porquê que tal visão utópica de si próprio se perpetua? Esse é o grande mistério do fitness.

Talvez seja a criança que cada um tem dentro de si a falar mais alto, na tentativa de ser um super-herói. No caso do cliente/sonhador, este quererá tornar-se numa meta-humano resistente a todas as adversidades, evidenciando-se de todos à sua volta, sendo um exemplo a seguir. No caso do profissional/enganador, até poderá ser pela boa vontade em querer ajudar os outros (o "enganador ingénuo"), quase como um génio da lâmpada que permite realizar os sonhos de quem nele confia. Contudo, noutros casos é um autêntico vilão, um anti-herói (o "enganador vil/o verdadeiro mentiroso"), que se aproveita dos sonhos inocentes e fornece ao seu cliente qual maçã envenenada, sempre com a mensagem de que só dessa forma será possível a sua transformação. Para piorar a situação, quando os sonhos não se realizam, a culpa será atribuída ao cliente, como se este não fosse digno de pertencer ao lote de "super-ilustres".

Já que estamos em tempo de resoluções de ano novo, o meu desejo para o fitness em 2022 será que este cresça. Que este não queira ser criança para sempre (deixe isso para o Peter Pan), mas antes que amadureça e se torne num setor confiável, com verdadeiros (e sinceros) super-heróis, que serão tão somente os mesmos profissionais, mas (estes sim) na sua melhor versão. Para os clientes (atuais e futuros), peço que continuem a sonhar, mas com os pés na terra. Preocupem-se com o que são e não com o que gostariam de ser; que tenham objetivos a alcançar, mas que não passem por ser outra pessoa.

Bom ano a todos, sendo "super-nós próprios"!



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